Afinal não há crise! Afinal estamos cheios de dinheiro, e eu não falo de mim mas do país. Afinal está tudo ok porque é a única explicação para andarmos todos a descontar, todos os meses, para 30 bispos irem durante o dia 11 de Maio mandar bufas - vamos ser honestos - em Victoria's Ghost do nosso amigo Phillipe. Afinal é por estas e outras que "temos de fazer sacríficios"...
Este fala de uma miuda que nasceu em 84. Mais ou menos aos 9 anos levou a primeira chapada do pai quando achou que a parede do trabalho dele precisava de cor... uns bonecos aqui, outros acolá e eu achei que estava ali uma peça de arte. Mas não. Desde então, só papel. Algumas telas, poucas. Muita gente, muitas caras, nada de paisagens, muito menos edifícios e chegada ao 9º ano pensei que queria ser médica legista. Gostava de filmes de terror, nunca me fez impressão o sangue, e queria ganhar dinheiro, porque não? Mas parece que o mundo se uniu para me fazer reconsiderar e fizeram-me acreditar que era uma artista de outro mundo. E eu acreditei, pensei que podia vir a ser uma DaVinci do século XXI. Acho que por esta altura estão todos a rir-se baixinho... E lá fui eu. Aos 17 anos sabia que ainda odiava tudo o que tivesse a ver com paisagens e edifícios, e preocupava-me a ideia de ser pintora (pensei que fossem eles os desempregados). Designer era uma palavra que soava bem. Tinha visto umas peças do Starck e achei que podia fazer o mesmo. Não sei porquê mas pintar, coisa que sempre tinha feito, parecia-me muito dificíl, já desenhar uma Panton achava que seria extremamente fácil e bem pago... Fui para a faculdade de Belas Artes em 2002, para design de Equipamento. Bons tempos... Os melhores. Devia ter ido para Design Gráfico. Só depois percebi que gostava muito mais de passar horas a definir layouts, fonts e pantones para os cartazes do projecto, do que a fazer o projecto em si. Enfim... como estas coisas não matam mas moem, dois anos depois de uma licenciatura, cá estou eu, preparada para mais dois, agora pelo menos a estudar uma coisa que me dá prazer, Design Gráfico e Multimédia. Tantos anos depois já me mentalizei que nunca irei ter uma profissão em que seja bem paga, mas só 2 anos depois de ter começado a trabalhar percebi que não há dinheiro que pague uma pessoa fazer algo com que não se identifica. Neste momento continuo empregada, claro que continuam a dar-me pequenas arritmias quando por vezes penso que posso ficar presa aquele emprego o resto da vida, mas a maior parte do dia acredito que não. Isto um dia vai mudar.
